Deus Shiva é uma das divindades que compõem o triunvirato mais poderoso do panteão hinduísta, sendo responsável pela destruição do universo a cada novo fim de ciclo, que acontece a cada 2.160.000.000 anos.
As outras duas divindades são Brahma e Vishnu. Brahma é o criador do universo enquanto Vishnu é o preservador dele. O papel de Shiva é destruir o universo para recriá-lo.
Agora você deve estar pensando, se dois deuses são responsáveis pela criação e manutenção, por qual motivo teríamos um deus para desfazer tudo? Não seria algo contraditório?
Ao contrário do que muitos pensam, o deus Shiva não é mau e muito menos se diverte fazendo maldades. Essa é uma ideia errada propagada pelos antigos cristãos europeus.
Se o deus que se apresenta não é o deus cristão, logo ganha ares de “diabo”, mesmo que a crença em questão não saiba e nem acredite na entidade diabo. Enfim, Shiva não é a encarnação do mal, apesar de criar demônios, e é muito necessário na crença hinduísta.
Os hindus acreditam que seus poderes de destruição e criar novamente são usados até agora para acabar com as ilusões e imperfeições deste mundo. Sendo assim, abrindo caminho para mudanças benéficas.
Segundo a mitologia hindu, essa destruição não é sem motivo, mas construtiva. Shiva é, portanto, visto como a fonte do bem e do mal e é considerado aquele que combina muitos elementos contraditórios.
Deus Shiva é contradição: asceta e hedonista
Segundo o dicionário, asceta é uma qualidade que indica uma pessoa que se afasta dos prazeres da vida, sofre provações em busca da perfeição espiritual.
Já a palavra “hedonismo” é completamente o contrário de asceta: a busca incessante pelos prazeres, sendo até adotado como estilo de vida.
Como o deus Shiva pode ser asceta e hedonista ao mesmo tempo? Como ele mantém seu equilíbrio?
A sua estabilidade vem de Parvati, uma das muitas reencarnações de Devi, a Deusa Mãe. Parvati, a eterna esposa, é companheira de Shiva.
Não, ela não o controla e tão pouco o comanda. Ela é companheira, o compreende e o guia de forma inconsciente.
Sem Parvati, o deus Shiva é passional e tem comportamentos extremos. Com a sua presença, ele sabe quando e como atuar de forma a causar o bem para a humanidade. Conheça outras características desse deus.
Shiva: deus da fertilidade
Shiva quando representado junto com Parvati, tem toda uma simbologia do dualismo universal, do feminino e masculino. Além disso, representa a fertilidade.
Quando os hindus querem que a representatividade dele seja relacionada à fertilidade, para que tenham colheitas prósperas e comida e felicidade em abundância em suas casas, deus Shiva é representado por um Shiva Linga.
Segundo a lenda, após a morte de Sarti (uma das reencarnações de Devi), e antes de sua reencarnação como Parvati, Shiva estava de luto e foi para a floresta de Daru para viver com Rishis (sábios).
No entanto, Shiva era um deus muito gracioso, bonito e atraente. Logo, as esposas dos rishis começaram a se interessar por ele. Com ciúmes, os Rishis decidiram se vingar e premeditaram a sua morte.
Primeiro, enviaram um grande antílope e, em seguida, um tigre enorme para que atacassem o deus Shiva. Como era de se esperar, Shiva se desvencilhou dos animais e, inclusive, vestiu a pele do tigre.
Então, os sábios ainda enciumados amaldiçoaram a masculinidade de Shiva. A maldição fez com que o pênis do deus caísse de seu corpo.
Quando o falo tocou o solo, uma série de terremotos começaram a acontecer. Temendo pelas próprias vidas, os sábios imploraram pelo perdão.
Deus Shiva, os perdoou e ordenou que, a partir daquele momento, deveriam adorar o falo que seria conhecido como Shiva Linga.
Shiva: senhor da dança e da yoga
Ele é atraente, temperamental, representa a fertilidade, a destruição e, ainda por cima, dança! Acho que agora eu entendo as esposas dos rishis…
Brincadeiras à parte, a dança é uma importante forma de arte na Índia. Por isso, acredita-se que o deus Shiva seja o mestre dela.
Com frequência, ele é chamado de Senhor da Dança. O ritmo dos passos é uma metáfora para o equilíbrio no universo que Shiva acredita ser tão magistral.
A dança mais importante é o Tandav. Este seria o movimento cósmico da morte, que ele executa no final de uma era, para destruir o universo e reconstruir tudo novamente junto com Brahma e Vishnu.
Também é conhecido como Senhor ou Criador do Yoga. Pois parte do princípio da destruição da antiga forma e dos antigos pensamentos. Dessa forma, consegue transformar física e emocionalmente quem o pratica
A lenda do Senhor da Dança
De acordo com uma lenda hindu, Shiva quase sinalizou o fim deste universo ao realizar o Tandav antes do tempo…
Naquela época, o deus Shiva era casado com Sati, mas, infelizmente, o pai dela não aceitava o relacionamento. Como uma forma de ofendê-lo, o pai de Sati decidiu fazer um evento e não convidá-lo.
O evento era uma reunião em que todos os deuses (menos Shiva) iriam ficar em oração. Ofendida pelo que estava acontecendo com o marido, Sati pôs-se a orar fervorosamente e, de repente, atirou-se no fogo sagrado para morrer.
Nessa hora, Shiva encontrava-se em profunda meditação, quando sentiu que a via de sua amada havia sido ceifada. Com ódio, seu terceiro olho se abriu e a destruição começou.
Primeiramente, ele conjurou dois demônios que invadiram a reunião e arrancaram a cabeça do pai de Sati. Ao mesmo tempo, Shiva começou a dançar o Tandav. Com medo do fim da era, os outros deuses tentaram acalmá-lo.
Para isso, espalharam as cinzas de Sati em Shiva e começaram a orar. Shiva se acalmou e entrou em profunda meditação, deixando de lado todos os seus deveres como um deus até que sua esposa reencarnasse.
Shiva é o deus da destruição, e não da morte
Muitas pessoas confundem destruição com morte. A deusa hindu da morte é Kali, que inclusive é muito cultuada na Índia. A devoção a Kali se dá para ter uma morte sem sofrimentos e digna.
Portanto, Shiva só é deus da destruição, Senhor da Dança, Senhor da Yoga e deus da fertilidade. Ele é multitarefas, não?
Agora que você sabe um pouco mais sobre o deus Shiva, continue lendo mais matérias em nosso blog.
Um grande abraço e até breve! ✨