Sempre que uma amiga me dizia que estava grávida eu comprava um monte de livros de presente. Desde o que acontece com o seu corpo durante a gravidez até técnicas milagrosas para fazer o seu bebê dormir à noite inteira a partir do primeiro mês de vida. Antes mesmo de tentar engravidar já sabia os melhores livros e aplicativos, que técnicas gostava e do que não gostava.
Começo da gravidez: Assim que descobri que estava grávida, baixei alguns aplicativos famosos, como o BabyCenter e comprei dois livros. Um bem focado na mulher e em como ela se redescobre ao virar mãe, e outro sobre educação de filhos. Fora isso, minhas amigas me deram toda a biblioteca necessária. “Como educar meninos”, e eu nem sabia o sexo! “O que esperar quando se está esperando” e outros títulos bem conhecidos.
Vamos a minha modesta opinião como mãe de primeira viagem
Os aplicativos são mesmo muito legais, pois mostram como está o seu bebê semana a semana, com desenhos e vídeos explicativos. O problema é que eles querem abordar coisas novas todos os dias e, às vezes, você acorda e o tema é: “Faz mal usar o computador grávida?” Oi???? Como assim? Minha médica nunca tinha comentado absolutamente nada sobre o computador ou nenhuma outra tecnologia. Depois eu descobri que é porque não tem problema nenhum. Mas é um pouco isso, às vezes o aplicativo responde as suas dúvidas, outras, ele planta perguntas bizarras na sua cabeça. Teve uma bela manhã em que eu li: “Os enjoos vão passar, mas você pode começar a ter enxaqueca”. Eu sempre sofri com dores de cabeça, mas desde que engravidei não tinha tido nenhuma. Até esse dia. Assim que desliguei o celular, minha cabeça começou a explodir. Não sabia se ligava para a médica ou para a psicóloga. Depois de uma semana e algumas sessões de acupuntura a dor passou e agora eu só entro no aplicativo nos dias em que completo semanas e eles me falam que o bebê está do tamanho de um limão, maçã ou qualquer outro alimento.
O primeiro livro que abri no começo da gravidez foi o sobre a mulher. No início estava adorando, pensando em como eu ia descobrir uma força dentro de mim e tudo mais que eles gostam de falar. Até que eu cheguei em um capítulo sobre parto. E passei a noite em claro de tão nervosa com as descrições que a autora usa. Câimbra nas pernas por ficarem amarradas, enfermeiras que gritam quando você reclama da dor. Meu Deus, onde essa mulher teve filho? Quase morri!! Parei de ler na hora e estou pensando em mandar uma cartinha para essa psicóloga que não sabe escrever para futuras mães.
Resolvi pegar mais leve e comecei a ler um sobre educação que adorei! A linguagem é tranquila, ela se mostra atrapalhada como a gente e não como uma super mulher que consegue fazer tudo ao mesmo tempo. Me imaginei educando uma criança perfeita, que não chora, que dorme a noite toda e eu me vi uma mãe que não grita ou perde a paciência. Uma imagem tão irreal quanto me imaginar estalando os dedos para arrumar o quarto, igual à Marry Poppins, ou costurando vestidos de cortina, como a Noviça Rebelde.
Parei de ler e planejar. Não sei que tipo de mãe eu vou ser, porque estou no começo da gravidez e não conheço minha filha ainda. De que adianta pensar nos horários de mamada se ainda não sei se ela vai mamar bem ou se vamos sofrer?
Resolvi escrever esse texto para dizer que tudo bem se informar, é legal conhecer o processo e saber o que existe pelo mundo. Só que mais importante do que tudo isso é vivenciar a gravidez e a maternidade. Ouvir o que os seus instintos dizem e fazer o que você considerar melhor. Tem alguma dúvida? Fale com seu médico ou com o pediatra. Eles te conhecem e sabem o que é viável ou não na sua vida.
Planeje o quartinho, compre roupinhas e imagine como a criança vai ser, mas não perca muito tempo definindo o tipo de mãe que você quer ser. Posso estar no começo da gravidez, mas já entendi que essa fase é a maior prova de que nós controlamos muito pouco da nossa vida. O planejamento em excesso só vai servir para tirar o nosso sono, e a gente sabe o quanto ele é precioso.
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