Você sabe realmente o que é Sexta-feira Santa? A data não é apenas um feriado, mas sim o dia da morte de Jesus Cristo. Conhecida também como Sexta-feira da Paixão, a celebração faz parte das festividades da Páscoa, que simboliza a ressurreição do Messias.
A sexta-feira da Paixão é considerada uma data móvel, ou seja, não possui um dia específico para ser comemorado anualmente. Por regra, deve ser celebrada na sexta-feira que antecede o Domingo de Páscoa.
De acordo com a tradição, para se definir o dia em que é celebrada a Sexta-feira Santa, considera-se a primeira sexta-feira de lua cheia após o equinócio de primavera (no Hemisfério Norte) ou equinócio de outono (no Hemisfério Sul).
Neste caso, a sexta-feira da Paixão pode ocorrer entre os dias 22 de março e 25 de abril.
Após a definição da data da Sexta-feira Santa, outras comemorações são estabelecidas, como a Quarta-feira de Cinzas (primeiro dia da Quaresma) e o Carnaval.
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O que aconteceu na Sexta-feira Santa?
Para saber o que é Sexta-feira Santa, é preciso saber o que aconteceu neste dia. Jesus havia passado três anos preparando os discípulos para formar a Igreja. Na época da Páscoa judaica, ele foi para Jerusalém. Na cidade, ele foi traído por Judas Iscariotes, que o entregou aos seus captores por trinta moedas de prata.
Na Sexta-feira Santa, Jesus foi julgado pelos líderes religiosos judeus e condenado por blasfêmia.
De manhã, depois de o condenarem, os judeus levaram Jesus para Pilatos, o governador romano. Eles acusaram Jesus de trair o império romano e exigiram sua morte.
Pilatos não encontrou nenhum motivo para executar Jesus, mas não queria que o povo se revoltasse (Lucas 23:1-4).
Era época da Páscoa judaica e, nessa época, o governador costumava soltar um dos prisioneiros, conforme a vontade do povo. Nessa ocasião, havia um prisioneiro muito conhecido, chamado Barrabás. Como o povo estava reunido,
Pilatos perguntou a todos: “Quem vocês querem que eu solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?”
Os líderes dos sacerdotes e os anciãos, porém, convenceram o povo a pedir a Pilatos que soltasse a Barrabás e condenasse a Jesus.
Quando o governador Pilatos perguntou ao povo pela segunda vez: “Qual dos dois prisioneiros vocês querem que eu solte?”, eles responderam: “Queremos que o senhor liberte Barrabás.”
Pilatos, perguntou, então: “E o que querem que eu faça com Jesus, chamado Cristo?” E todos responderam: “Crucifique-o!”
Quando Pilatos percebeu que seu esforço para salvar Jesus não estava adiantando nada, pediu que lhe trouxessem água. E, diante de todo o povo, lavou as mãos e disse: “Sou inocente pela morte deste homem. Fiquem vocês com essa responsabilidade.”
Pilatos, então, soltou a Barrabás e, depois de ter mandado chicotear a Jesus, entregou-o para que Ele fosse crucificado (Mateus 27:1-26).
Jesus foi levado para fora da cidade e foi crucificado em um monte chamado Gólgota, junto com dois ladrões. Os soldados dividiram seus pertences entre eles e muitas pessoas caçoaram dele.
O céu ficou escuro e, às três da tarde, da Sexta-feira Santa, Jesus deu um brado e morreu (Marcos 15:37-39).
Ao fim do dia, José de Arimateia levou o corpo de Jesus e o sepultou em seu próprio túmulo (Mateus 27:57-60). Uma grande pedra foi colocada sobre a entrada do túmulo e o corpo ficou lá até domingo, quando Jesus ressuscitou.
O que é Sexta-feira Santa – celebração
O significado da Sexta-feira Santa é a Morte do Salvador. É o único dia que não se celebra a Missa e não há consagração das hóstias.
No lugar da missa, é celebrado a Solene Ação Litúrgica da Paixão e Adoração da Cruz, onde a equipe de celebração entra na Igreja em silêncio, e o padre se prostra em frente ao altar (que simboliza o próprio Cristo, sendo ali o local onde o Cordeiro é imolado), em sinal de humildade e de tristeza.
Na celebração da Sexta-feira Santa é comum ver reconstituições, encenações, homenagens e outras formas de representações artísticas de como teriam sido os últimos momentos de vida de Jesus Cristo, seu julgamento, crucificação e ressurreição do “mundo dos mortos”.
O ponto alto da Sexta-feira Santa é a celebração das 15h, horário em que Jesus foi morto. É a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. É nesse horário que costumam ser realizadas as encenações.
Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da santa cruz, momento em que esta é apresentada solenemente à comunidade.
Ao longo da Quaresma, muitos fiéis realizam a Via-Sacra como uma forma de meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz.
A Igreja nos propõe esta meditação para nos ajudar a rezar e a mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus que se doou por nós. Em muitas paróquias e comunidades, são realizadas a encenação da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.
À noite, as paróquias fazem encenações da Paixão de Jesus Cristo com o sermão da descida da Cruz; em seguida, há a Procissão do Enterro, levando o esquife com a imagem do Senhor morto.
O povo católico gosta dessas celebrações, porque põe o seu coração em união com a Paixão e os sofrimentos do Senhor. Tudo isso nos ajuda na espiritualidade deste dia.
O que se faz na Sexta-feira Santa
A Sexta-feira da Paixão é marcada por silêncio, jejum e oração. A Igreja Católica recomenda que a data seja vivida com profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor, que trouxe salvação a todos.
Os católicos mantêm um “silêncio interior” aliado ao jejum e à abstinência de carne. É um dia de meditação e contemplação do amor de Deus. Neste dia, os fiéis suspendem as diversões e os prazeres. Eles evitam até mesmo ouvir músicas.
À noite, tradicionalmente é realizada a Procissão do Enterro. Algumas Igrejas relembram as sete dores de Maria e encenam a descida da Cruz.
Reflexão Sexta-feira Santa
Para entender o que é Sexta-feira Santa é preciso refletir sobre o sacrifício de Jesus na cruz. Para os católicos, tradicionalmente, a sexta-feira da Paixão é um dia de rituais e penitências, como o jejum ou a abstinências de prazeres mundanos.
A Igreja ressalta que a Sexta-feira Santa foi muito mais que a morte injusta de um homem inocente. Se quisesse, Jesus poderia ter escapado de seus inimigos. Mas ele se ofereceu para morrer na cruz (João 10:17-18). Sua morte tinha um propósito.
Conforme o catolicismo, a morte de Jesus na cruz foi a maior prova do amor de Deus por nós. Ele enviou Jesus, Seu único filho, para morrer no lugar dos homens! Segundo a Igreja, por causa do pecado, todos nós merecemos o castigo da morte. Mas Jesus nunca pecou. Na cruz, ele tomou nosso lugar e levou o castigo que nós merecemos (1 Pedro 2:24). Agora, todos que crêem em Jesus podem receber o perdão de Deus e a salvação!
Sem a Sexta-Feira Santa, não haveria salvação. Jesus precisou morrer na cruz para que muitos ganhassem a vida eterna.
Comidas da Sexta-feira Santa
Hoje em dia, a Igreja não fala mais sobre “obrigação ou proibição”, apenas faz uma “recomendação” de se fazer jejum e não comer carne na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão.
A tradição sempre pregou a troca da carne pelo peixe, que é um alimento bíblico. Ao colonizarem o Brasil, os portugueses trouxeram muito de sua cultura para cá. Entre elas, o hábito de se comer bacalhau. Por isso, esse é um dos pratos principais na Sexta-feira da Paixão.
Em lugares como Goiás e Pará, prepara-se a bacalhoada da mesma forma que se prepara uma peixada: com batata, tomate, cebola, alho e finalizando a panela com folha de couve.
Em alguns lugares, o bacalhau é substituído por pescados com poucas espinhas, como tucunaré e dourado.
Entre as comidas típicas da Sexta-feira da Paixão também está o pirão de peixe.
No Mato Grosso, um prato icônico é a mujica, feito com cubos de pintado salteados no azeite e mergulhados em um caldo de tomates, urucum e mandioca.
No Nordeste domina a moqueca, feita com óleo de dendê e leite de coco. Se for um pouco mais abaixo, no Espírito Santo, a moqueca capixaba é sem dendê.
A turma do Pará prepara o peixe no tucupi, caldo de mandioca de origem indígena que é onipresente na culinária do Norte do país. Em Belém e arredores, o costume é usar filhote, uma espécie abundante na região para a receita.
O Caruru, prato com quiabo, camarão seco e amendoim, é obrigatório na Sexta-Feira da Paixão de algumas regiões do país.
Na Bahia, o Vatapá e Feijão fradinho (também com dendê, camarão seco moído e leite de coco) ou Feijão de leite, Farofinha e Maniçoba são acompanhamentos típicos do prato principal escolhido (peixe, camarão, etc).
A bebida mais consumida na data é o vinho tinto ou o suco de uva concentrado.
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