A Orixá Ewá é conhecida por ostentar beleza, sensibilidade e criatividade, sendo uma personagem marcante na cultura afro-brasileira, e que conversa diretamente com o candomblé por meio dos pais e mães de santo.
O candomblé e a umbanda reúnem uma vasta cultura. Em suas lendas conhecemos personagens cheios de significado, e com suas próprias histórias.
Algumas podem ser alegóricas e representativas, mas muitas delas são relatos vivos dos Orixás e seus filhos que completam esse panteão afro-brasileiro cheio de conteúdo.
Mas é importante dizer que o candomblé e a umbanda são religiões, portanto merecem respeito tanto quanto qualquer outra! O que gera certas discussões, já que o Brasil é um país majoritariamente cristão, e seu período de colonização tentou contra todas as religiões que não fossem de acordo com a igreja católica.
Agora que você já sabe a qual religião a Orixá Ewá pertence, saiba como ela é vista no candomblé e como é creditado à ela o oráculo de sabedoria e sensibilidade.
É uma orixá feminina, também conhecida pelo nome de Yabá, que habitava principalmente as terras de matos altos, e estava presente próxima aos rios, onde a água doce e salgada se conectam, formando assim os redemoinhos.
O deus Orunmilá (chefe conselheiro), deu de presente a Ewá o poder da vidência, sendo esta a perícia para uma intuição e leitura do destino bem apurados. O que faz com que esse dom lhe permita ver além dos olhos.
A orixá Ewá é representada no candomblé pelo “iglá à do kalaba” (cabeça com tiras de safira), por ostentar beleza e ser representada pelas cores vermelho, rosa e amarelo.
Suas oferendas são compostas de:
Na lenda diz que Ewá pode se transformar em uma cobra, tão comprida que pode abocanhar o próprio rabo formando um círculo. Esta alegoria se encaixa como o significado do “ciclo”, da continuidade e do infinito.
A história dos orixás é repleta de tragédias e paixões na história do candomblé e umbanda. Existem algumas versões diferentes do mesmo conto, mas quase sempre as histórias se conectam.
Em algum momento, Ewá se encontra com Oxóssi (orixá da natureza e felicidade), e se apaixona por ele, causando uma perseguição por Iansã (a orixá feminina do direcionamento), pois ela não queria que Ewá assumisse o seu amor por Oxóssi e ficasse junto do Deus da natureza.
Durante uma fuga causada por Iansã, Ewá decidiu se jogar num rio para se esconder, e ali foi protegida por Oxum (a mãe dos orixás e da natureza), mas Iansã se sentiu ameaçada, pois o rio cortava por dentro da mata, garantindo acesso em toda região.
Com isso, Iansã ateou fogo na beira do rio usando os matos secos que ali ficavam, servindo para ameaçar o próprio rio com as chamas. Com isso, Ewá acreditou na ameaça de Iansã e decidiu partir em direção ao mar, junto de Iemanjá (conhecida como a deusa do mar).
Parte dessa lenda fez com que as águas fossem batizadas com o seu nome, pois na Nigéria existe um rio chamado de “Ieuá” (uma variação do seu nome),que fica localizado no estado de Ogum.
Em diversas mitologias, as personagens e elementos se assemelham quase que precisamente. Inclusive, em diversos conceitos, como: o apocalipse bíblico e o Ragnarok (que são ambos o fim do mundo), se misturam em um fundamento, cada um para a sua respectiva história.
O sincretismo,é uma maneira de olharmos para personagens diferentes mas que possuem características parecidas e até mesmo idênticas!
No catolicismo por exemplo, temos a Santa Luzia, conhecida por ser uma cristã assídua e devota. Em certo ponto de sua história ela perde os seus olhos, tendo de confiar na visão “além” de sua capacidade física, o que fez com que dependesse de sua intuição e sexto sentido.
Santa Luzia era também uma mulher casta, dedicada totalmente a Jesus em sua peregrinação. Algumas dessas características se assemelham com o orixá Ewá, como a:
A castidade se relaciona com a lenda, onde diz que Ewá é o guia das virgens, assim como todas as coisas inexploradas na natureza por exemplo:
Esses exemplos se dão porque tudo que é intocável e puro, é mantido com a castidade. Onde a proibição e o desconhecido são um elemento de personalidade e não uma alegoria física.
O panteão dos orixás é repleto de personagens mulheres, e trás com isso não só a representatividade feminina,mas também o encontro entre a beleza e a sabedoria.
Pois a sabedoria do orixá Ewá está vinculada ao sexto sentido, a intuição e a maneira sutil de perceber o mundo com uma ótica naturalmente feminina e apaixonada.
E falando sobre paixão, ela está presente aqui, pois a história da orixá Ewá tem o seu momento de romance, quando se encontra com dois outros deuses, Xangô (o orixá da justiça) e o já citado Oxossi.
No candomblé e na umbanda é comum ouvir o termo “filhos”, que é basicamente uma maneira de identificar as características dos orixás na personalidade de alguém. Fazendo com que essa pessoa seja ligada ao orixá por meio de suas peculiaridades.
No caso do orixá Ewá, seus filhos caminham em dois extremos, hora esbanjam simpatia, em outra soam prepotentes. Mas isso também se dá pelas suas habilidades sociais e carisma sempre em evidência, pois a sua beleza exótica reforça a atenção que é chamada mesmo quando não é o seu objetivo.
Por fim, agora você sabe mais sobre a orixá Ewá e sua participação no candomblé e na umbanda. Caso queira saber mais ou até mesmo tenha questões mais complexas para tratar, você pode conversar cin um dos nossos profissionais do candomblé. Certamente você irá se surpreender.
Nos vemos na próxima! Ri Ro Ewá! ❤️
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