Muita gente pergunta por que não se pode comer carne na Sexta-feira Santa, mas, mesmo sem saber o motivo, segue o hábito, em geral aprendido na infância. A Igreja Católica recomenda essa privação como forma de lembrar o sacrifício que Jesus fez, morrendo na Cruz para nos salvar.
Abster-se de carne e jejuar na Sexta-feira Santa é uma prática plurissecular da Igreja. Saiba em detalhes o que a Bíblia diz sobre a celebração da Páscoa e o que comer em substituição à carne na Sexta-feira da Paixão.
O Código de Direito Canônico (livro de regras da Igreja Católica) recomenda que a abstinência de carne deve ser feita em todas as sextas-feiras do ano, e não apenas na Sexta-feira Santa. Essa privação deve ser acompanhada pelo jejum e estudo da Bíblia. Porém, com o tempo essa referência caiu em desuso.
A questão vai além de por que não se pode comer carne na Sexta-feira Santa. Não podemos esquecer que, para respeitar o sacrifício de Jesus Cristo descrito na Bíblia, não devemos, antes de qualquer coisa, causar sofrimento a quem quer que seja. Seu ensinamento é Amar uns aos outros como Ele nos amou.
Muitos católicos se abstêm da carne todas as quartas e sextas feiras durante a Quaresma (período de 40 dias que antecedem a Páscoa), mas essa prática não é mais tão comum quanto antigamente. As crianças, os idosos e as pessoas doentes são isentas desse sacrifício.
A Bíblia não fala especificamente sobre comer ou não carne na Sexta-feira Santa; o que se fala é em jejum e abstinência, representando o sacrifício de Cristo.
Em Gênesis 9:3, após o Diluvio, Deus dá todos os animais ao homem como alimento. Abraão ofereceu carne de novilho ao anjo do Senhor para comer (Gênesis 18:8). Muitos dos rituais judeus apresentados no Antigo Testamento implicavam em comer carne de cordeiros ou bezerros sacrificados.
No Novo Testamento, vemos que Jesus comeu peixe (Lucas 24:41-43) e provavelmente cordeiro também. No início da Igreja, com a conversão de pessoas que não eram judias, gerou-se muita dúvida sobre se era permitido comer carne e de que tipo. Os apóstolos chegaram à conclusão que era bom comer carne e que não se devia fazer distinção entre animais para comer, tal como não se devia fazer distinção entre pessoas.
Hoje em dia, a Igreja não fala mais sobre “obrigação” ou “proibição”, apenas faz uma “recomendação” de se fazer jejum e não comer carne na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão. Você pode escolher outro sacrifício que demonstre sua disposição em abrir mão de algo do seu cotidiano para mostrar a Jesus Cristo sua gratidão pelo grande sacrifício que Ele fez para nos salvar dos pecados do mundo.
Se você se pergunta por que não pode comer carne na Sexta-feira Santa, saiba que o Catecismo da Igreja Católica vê o jejum e a abstinência da carne como uma “virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados”. Essa prática “assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade”.
A CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, afirma que o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência da carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou ainda substituir a carne por outro alimento que não será consumido neste período, como um ato de fé.
Se você deseja, portanto, evitar comer carne vermelha nesta data especial, o ideal é trocar pela carne de peixe. Muitas pessoas têm dúvida se podem substituir a carne vermelha pela carne branca de aves, mas diversos padres e bispos católicos explicam que, como a carne simboliza o corpo de Cristo, e a carne de aves também sangra muito ao corte, não deve ser consumida.
Entre todos os peixes, o prato clássico da Sexta-feira Santa é o bacalhau. A tradição veio com os colonizadores portugueses, que tinham acesso fácil ao peixe e, quando vieram para o Brasil, perceberam que era possível importá-lo sem perder qualidade e sabor.
No entanto, alguns padres seguem outra linha e não recomendam o consumo de bacalhau, por ser um peixe muito caro no Brasil. Como a Páscoa celebra a abstinência, usar a data para consumir algo sofisticado pode ter o sentido contrário.
Mais do que o que se põe na mesa na Sexta-feira Santa, o importante mesmo é estar com a mente e o coração em contato com Deus, agradecendo pela salvação que Jesus Cristo nos proporcionou com sua morte na cruz. Celebre: é tempo de renovação!
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