Você sabe qual o significado e como é a procissão da Sexta-feira Santa? Quando celebramos a Paixão e Morte de Jesus, o silêncio, o jejum e a oração devem marcar este momento. Uma prática comum entre os católicos é meditar a dolorosa Paixão do Senhor, se possível diante do Sacrário, na Igreja, usando a narração que os quatro evangelistas fizeram. Além disso, eles participam das celebrações e procissões realizadas neste dia.
No entanto, ao contrário do que muitos pensam, a Paixão não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação diante da morte do Senhor. Morrendo, ele foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna.
A Igreja Católica prega que nesse dia é preciso manter um “silêncio interior” aliado ao jejum e à abstinência de carne. É um dia em que as diversões devem ser suspensas assim como os prazeres.
As tradicionais procissões da Semana Santa têm sua origem nas procissões que, desde a antiguidade, eram realizadas em todos os povos e religiões. Os judeus já faziam procissões na Páscoa, em Pentecostes e na Festa dos Tabernáculos.
A procissão da Sexta-feira Santa é antiga: os primeiros cristãos já se reuniam para levar os corpos dos mártires até o túmulo.
Cada procissão tem suas particularidades, dado que cada lugar tem tradições que foram sendo incorporadas ao acervo cultural cristão. No entanto, a maioria das procissões tem algumas semelhanças que tentaremos destacar neste artigo.
Qual o significado da procissão da Sexta-feira Santa?
Primeiro, para entender a Sexta-feira da Paixão, é essencial conhecer algumas características da Paixão de Cristo. Por « paixão » entenda cada tormento e tortura que Jesus sofreu na sua morte.
Para resumir a Paixão, podemos dizer que, após a Última Ceia (refeição com os Doze Apóstolos), Jesus foi para o Monte das Oliveiras com os apóstolos Pedro e João. Então Judas, um dos doze apóstolos, chegou com um exército romano, para julgar e prender Jesus.
Durante o interrogatório, Jesus afirma ser o Messias e Filho de Deus. Ele é, então, levado diante do imperador romano Pôncio Pilatos para ser julgado e condenado à morte.
Em seguida, é chicoteado e, fez uma rota inteira a pé, para o monte Gólgota (Calvário) com uma coroa de espinhos na cabeça enquanto carregava a cruz em que foi crucificado.
A participação em uma procissão significa uma homenagem e um reconhecimento público a Jesus. Além disso, na Sexta-feira Santa a procissão também ganha um motivo penitencial: os cristãos fazem procissão para limpar seus pecados e mostrar publicamente seu arrependimento.
As velas que os fiéis carregam durante as procissões mostram que caminham rumo à luz que é Cristo.
A manifestação privada da fé passa a ser pública e as ruas se convertem em igrejas. É por isso que enfeitam as casas, as ruas, e o silêncio predomina em cada canto na Sexta-feira Santa.
Como é a procissão da Sexta-feira Santa?
Em muitas cidades, a primeira procissão da Sexta-feira Santa é a Via Sacra, que acontece em torno de 9h.
A Via Sacra consiste em uma procissão onde os fiéis percorrem a caminhada de Jesus carregando a cruz, desde o pretório de Pilatos até o monte Calvário. Nesse trajeto, são montadas 14 estações, constituídas de quadros ou esculturas que representam as principais cenas da Paixão de Cristo.
A Via Sacra vai parando em cada estação para meditar sobre a Paixão do Senhor, aquela parte do caminho dolorosa percorrido por ele.
Ao meio-dia, se inicia a reza do Ofício da Agonia do Senhor que termina às 15h. Segundo a Bíblia, Jesus ficou agonizando durante essas três horas.
Na Sexta-feira Santa não há missas, mas ocorre a celebração da Paixão. O ponto alto do dia acontece às 15h, após o Ofício da Agonia do Senhor, horário em que Jesus morreu. Nesse horário é celebrada a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística.
Procissão do Enterro
À noite, as paróquias fazem encenações da Paixão de Jesus Cristo com o sermão da descida da Cruz. Em seguida, há a Procissão do Enterro, que carrega o esquife com a imagem do Senhor morto.
O povo católico gosta dessas celebrações porque põe o seu coração em união com a Paixão e os sofrimentos do Senhor. Não há como “pagar” ao Senhor o que Ele fez e sofreu por nós; no entanto, celebrar com devoção o Seu sofrimento e morte Lhe agrada e nos faz felizes.
As procissões do Enterro costumam ser semelhantes. Ainda que a imagem do Senhor Morto seja o eixo central do cortejo, são os penitentes que vão estruturando a procissão.
O primeiro elemento é o anúncio da procissão, com alguém que vai na frente. Em geral, essa pessoa vai tocando um sino ou uma matraca, simbolizando a passagem de um lugar profano a um lugar sagrado.
Em outros lugares, instrumentos como tambores vão marcando o ritmo da chegada da procissão.
Em geral, a procissão começa com uma cruz sendo carregada pelas pessoas e sua presença é anunciada. Atrás dela, podem usar símbolos de comunidades, irmandades, e os penitentes caminham atrás, com velas: o caminho rumo a Cristo.
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